Por Carlos Pérez Gomar*
Do Rio de Janeiro-RJ
Para
Via
Fanzine
12/12/2012
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Carlos Pérez Gomar limpa
algumas lajes semi-soterradas no sítio
arqueológico do qual se
tornou o único pesquisador assumido. |
O que descrevemos e analisamos é resultado do que pode ser
feito individualmente e com observações superficiais. Com mais prospecções e
novos dados, algumas opiniões poderão ser retificadas.
Este sítio arqueológico foi evidenciado quando começaram a
escavar o local em 2002.
Em janeiro de 2012 fizemos a primeira visita a este sítio.
Agora, nos dias 16,17 e 18 de outubro 2012, fizemos uma visita mais
aprofundada que nos deu a chance de esclarecer e retificar informações que
não eram exatas, assim como obter outras com mais fundamento. Temos
testemunhas oculares de tudo o que aconteceu ali e do que foi achado.
O
acesso ao local
Chega-se até o local pela rodovia Osvaldo Cruz, até o
Km.56,9 e toma-se a estrada de terra com mais 13 km, chegando na pequena
vila.
O Hotel Fazenda onde se localiza o sítio está fechado. Não
hospeda ninguém ou não quer receber. Os empregados estão orientados a não
deixar ninguém entrar na área da fazenda. Por ordem do proprietário dão a
informação de que ali não há nada a não ser pedras de origem “natural”.
Pelo que sei, qualquer pedra é de origem natural, menos as
que foram talhadas, das quais há muitas na Fazenda. Há uma tentativa
insistente de negar o sítio arqueológico por motivos pessoais do
proprietário. Que inclusive voltou a enterrar novamente, vestígios
importantes. Ele está com receio de ser acusado de destruição de patrimônio
nacional, no entanto, verificamos se existe algum laudo no IPHAN de São
Paulo confirmando uma vistoria ao local, e não há nenhum, portanto o local
ainda não é sitio arqueológico. Legalmente não foi mexido um sítio
cadastrado. Na prática, parte do sítio foi destruída. Como houve muita
curiosidade sobre o assunto é possível que o proprietário esteja tentando
afastar visitas indesejadas.
O
que parece ser o sítio em questão
Pelo que pudemos ver até agora, tudo leva a crer que na
área dos fundos do hotel, já na divisa com o sítio São Benedito tenha havido
estruturas de pedra talhada sem o uso de argamassa. Estruturas que devem
estar sendo desmanteladas há muito tempo como fonte de material para outras
construções. E isto, possivelmente, acontece há séculos. Não foi, com
certeza, iniciativa apenas do atual proprietário.
Pudemos levantar informações de que quase 100 caminhões
basculantes de pedras da área do sítio arqueológico foram levados para
construir diques muros e poços de água no Hotel Fazenda nos últimos 20 anos,
com certeza muitas pedras eram da área do sitio arqueológico. As pedras ali
encontradas em grande parte são aparelhadas rusticamente como lajes e
blocos, o que facilita extremamente seu uso. Em função disto, achar pedras
talhadas na área torna-se cada dia mais difícil. As que se encontram
normalmente são grandes ou estão enterradas, e por isso se salvaram.
Se não estamos muito enganados, este sítio tem
características únicas dentro do que tem sido encontrado em território
brasileiro. Ou ao menos até agora, não havia sido registrado sítio
semelhante. E se parece muito com outros sítios sulamericanos de culturas
mais avançadas. Este sítio está em total desacordo com as culturas indígenas
que conhecemos e que habitaram a área. Daí a importância de seu estudo e a
necessidade de parar com a sua destruição. Pode-se estar ignorando algo
único. Neste local quem esteve, talhava, ou melhor, “polia” pedras para usar
em construções. Isto, simplesmente não é comum na pré-história brasileira. É
muito improvável que este sítio tenha uma origem “colonial”
A
talha das pedras é tipo "colonial" ou não?
Esta questão é sempre levantada para comodamente descartar
o sítio como algo comum e não especial. Esse termo, “colonial”, na verdade,
não diz nada. O que quer dizer exatamente? E se uma ruína for posterior a
1822? Seria uma ruína “imperial”? Ou após 1889, seria uma ruína “republica
velha”? Na verdade, no Brasil se classifica de “colonial” a qualquer ruína
que surja, pelo simples fato de não se admitir que possa ser outra coisa. E
esse é um conceito demasiado cômodo e pobre. Vejamos nas imagens a seguir,
uma diferença fundamental entre um talhado “colonial” e os blocos de Fazenda
Palmeiras.
A
esquerda está um bloco de granito moderno, talhado da mesma forma que na
época ”colonial”. Observe-se a sua superfície enrugada por efeito de
ferramentas de ferro e aço de bom corte. Ao lado está um dos blocos achados
no referido sítio. Este tem uma textura muito mais lisa e uma camada de
alteração que denota antiguidade, perceptível na recente quebradura do
vértice.

Outra característica dos blocos e lajes do sítio é de que
não têm compromisso com arestas totalmente retas. Parece haver uma diretriz
nesse sentido, mas tem dois ou três lados retos e outros são totalmente
irregulares. Não é a lógica de pedreiros portugueses ou brasileiros dos
últimos 500 anos. No momento, pelo que vimos até agora no local, este método
de trabalho se assemelha a algumas culturas andinas. O que simplesmente quer
dizer que, parece ser um método tipicamente sulamericano e pré-colombiano.
Ainda que por agora possa não fazer sentido no contexto arqueológico
nacional.
Alguns dos blocos e lajes que pudemos localizar no local
Estas fotos a seguir são somente de algumas lajes que
estavam mais visíveis e menos enterradas. As pedras das seguintes fotos se
encontram na colina onde foi feita a escavação por parte do Hotel Fazenda e
distribuídas em direção ao topo, próximas ao divisor de águas. Há muitas
mais, porém semienterradas. Todas apresentam lados aparelhados e lados não
aparelhados simultaneamente, isto pode ser pela lógica do uso que lhes foi
dado. Por enquanto não se observa trechos de alvenaria inteiros ou com algum
tipo de argamassa.
O aspecto que se apresenta no topo desta colina é o de como
se alguém houvesse despejado ali, um conjunto de pedras talhadas e brutas, e
jogado terra por cima. O que para nós se traduz em estruturas desmoronadas
de muros de contenção, escadas e outras alvenarias destruídas por efeito da
vegetação e da erosão ao longo dos anos e posteriormente revolvidas
superficialmente para retirar pedras para uso em outras construções.
À
esquerda está um bloco grande, com 1.30m de comprimento. Ao lado, uma laje
plana com uns 15 cm de espessura, mas, curiosamente, tem bordas curvas em
dois dos lados, sendo outros dois retos. Ao lado dela se vê outra laje quase
no esquadro, com 16 cm de espessura.
Aqui
temos um bloco semi enterrado que não pudemos avaliar corretamente, com uma
espessura de 20cm. Ao lado, uma laje grande com mais ou menos 1.20m de
comprimento sobre o que parece ser um bloco bem nivelado e sem deslocamento
e que parece estar em sua posição original.
À
esquerda está um bloco alongado com um pouco mais de irregularidade, nítida
e rusticamente aparelhado. Ao lado está uma das poucas lajes padronizadas
que sobraram no local, já que a maior parte sumiu. Estas lajes tinham mais
ou menos 55 por 75 cm,
como a do meio, embaixo.
À
esquerda, a mesma laje da imagem acima, colocada em pé. Na imagem do meio
está outra laje quase no esquadro com o peso de 160 quilos. E na terceira
imagem vemos pedras com uma junta comum muito exata, parecendo haverem sido
ajeitadas para se acomodarem perfeitamente entre si, mas não foi possível
verificar o entorno porque haveria que fazer grande escavação. Estas duas
pedras, na parte visível, são irregulares.
Aqui
temos blocos e lajes que são do sítio, mas que foram levados para outros
locais da fazenda. Estas duas pedras das imagens acima são provenientes do
local da escavação, mas foram colocadas nessa posição como decoração na
frente de uma das casas da vila. No meio de ambas se encontra uma das lajes,
muito frequentes no sítio. Nas duas pedras laterais se nota uma lógica
diferente da nossa, no conceito do que seja uma pedra aparelhada. Percebe-se
claramente que houve um trabalho para levá-las próximo ao esquadro.
Este
bloco tem 1.60 m de comprimento está na entrada do portão da fazenda e
também foi retirado do local da escavação. É do tipo que pode ter sido usado
como degrau de escada ou arquitrave de vão. Este grande bloco ao lado, foi
deslocado por ocasião da escavação, com lados aparelhados e lados em bruto,
pesa mais de 500 quilos.
Aqui
está um pontilhão destruído pelo próprio rio, no detalhe, uma das lajes
usadas no pontilhão, situado sobre o córrego que fica perto do sítio e
construído com as pedras do próprio sítio. Na imagem ao lado se nota várias
pedras aparelhadas. Além destas pedras, quantidades de outras foram usadas
em todas as obras da fazenda e, pela textura e corte, podem ser reconhecidas
em muros e obras em geral.
Algumas das lajes e blocos não estão mais no sítio. Procuramos por estas
peças das fotos de 2003 para analisar como conjunto, mas não as encontramos.
Note-se que são padronizadas e com aquela textura polida. Têm cortes
“indisciplinadamente” retos, e arestas e vértices suavemente arredondados. O
arquiteto Jean Pierre Protzen, que estuda arquitetura pré-histórica
sulamericana, fez experiências de talha de pedra com técnicas antigas e
conseguiu blocos com este mesmo acabamento. Ele mostra o processo no livro
“Inca Architecture and Construction at Ollantaytambo”.
Estes blocos registrados nas fotos de 2003 também sumiram. Possivelmente,
foram para as obras da fazenda. Estavam bem enterrados, pelo menos a 1.5m de
profundidade. Notem-se as arestas arredondadas dos blocos. Há possibilidade
de algumas estruturas terem sido enterradas novamente. Comparemos os
acabamentos de arestas e vértices com os da primeira imagem que mostra uma
alvenaria inca típica, obtida pelo mesmo processo, principalmente com o
bloco da foto do meio.
Área
entre a colina principal e o açude, parece haver estruturas enterradas,
antigas ou mais recentes, não se pode afirmar com certeza ainda. Em primeiro
plano, do lado direito, existe um grande afloramento de cristal de quartzo
rosa, branco, e branco com estrias pretas, com grandes blocos soltos à flor
da terra.
A
mesma área das fotos anteriores em vista aérea. Note-se a área assinalada em
vermelho. Quando examinada no local se apresenta apenas como uma
declividade, mas pode ser causada por um muro soterrado. Se ampliarmos a
foto aérea, notamos o que parece ser um estrangulamento na parte inferior,
como uma saída entre dois muros. Por acaso por ali perto desemboca o
córrego. Na outra imagem estão restos de alvenaria mal feita, mas com pedras
em parte aparelhadas. Mais parece ter sido um uso secundário e não antigo.
Trata-se de um alinhamento com as pedras colocadas de maneira desordenada
com exceção da que está na ponta direita que estaria fazendo o papel de
quina. Mas aqui se nota uma elevação do nível como se houvesse restos de uma
construção, em forma de quadrilátero. Este alinhamento pode ser visto na
foto da paisagem um pouco à frente da moita maior de bambu.
Possível
calçamento na base da colina. Na primeira foto, vemos o que restou do
calçamento após a escavação feita pelo proprietário do local, em 2003. Na
segunda foto, notamos que as pedras foram original e cuidadosamente
colocadas, alinhadas, e niveladas. Na terceira foto algumas das pedras que
tivemos que desenterrar para torná-las visíveis, porque o proprietário achou
melhor voltar a enterrar tudo. Originalmente, este calçamento estava a 1,5 m
de profundidade.
Tudo foi enterrado, para dissimular a existência do sítio arqueológico. Correndo paralelo ao alinhamento das pedras e do lado do barranco foi achada uma parede de pedras sem argamassa, bem feita, segundo duas testemunhas que trabalharam nessa escavação e que as descreveram como “pedras bem juntinhas”. Nessa parede também havia o que parecia uma escada com degraus indo em direção ao topo da colina. Esta parede foi destruída até certo ponto sendo o resto enterrado de novo. Mas segundo testemunhas, ela seguia para baixo. E deve estar lá.
Croqui da disposição das pedras nas fotos acima
As pedras da parte de cima do croqui correspondem mostradas nas duas primeiras imagens acima. Faltam pedras que, com certeza, foram arrancadas pelo trator.
Tudo foi enterrado, para dissimular a existência do sítio arqueológico. Correndo paralelo ao alinhamento das pedras e do lado do barranco foi achada uma parede de pedras sem argamassa, bem feita, segundo duas testemunhas que trabalharam nessa escavação e que as descreveram como “pedras bem juntinhas”. Nessa parede também havia o que parecia uma escada com degraus indo em direção ao topo da colina. Esta parede foi destruída até certo ponto sendo o resto enterrado de novo. Mas segundo testemunhas, ela seguia para baixo. E deve estar lá.
Croqui da disposição das pedras nas fotos acima
As pedras da parte de cima do croqui correspondem mostradas nas duas primeiras imagens acima. Faltam pedras que, com certeza, foram arrancadas pelo trator.
Se
passarmos um eixo perpendicular à maior dimensão das pedras veremos que ele
está na mesma direção que o nascer e o por do sol nos equinócios. Ou seja,
parece que este acesso está orientado seguindo essa direção. Exatamente
igual que o eixo vertical no croqui. Um pouco para a esquerda fica o nascer
do sol no solstício de inverno e um pouco a direita, o nascer do sol no
solstício de verão.
Neste local foi feita uma escavação predatória e sem cuidados por pura curiosidade. Aqui foi achado um vaso que, uns dizem que era de cerâmica, outro diz que parecia de pedra. O achado foi descrito como uma “cumbuca”, com a parte de cima quebrada. Com certeza não era de pedra porque seria mais grossa e não se quebraria. O proprietário do local tem muitas fotos de tudo o que apareceu aqui, mas não quer mostrar. Na verdade a memória de muitas coisas que aconteceram aqui está com ele e, caso se perca essas fotos, mais dados se perderão. No topo da colina, segundo testemunha que trabalhou ali, foi achada uma pedra com uns 60 cm de altura, de forma tetraédrica, uma pirâmide de três lados, de ângulo em torno de 30 graus. Esta pedra esteve no jardim da fazenda até quando começaram a dissimular o sítio, sendo então levada para a casa particular do proprietário na fazenda, onde está até agora.
Outras coisas parecem ter sido achadas, mas as testemunhas não sabem dar detalhes. Como estas escavações não seguiam nenhum método cientifico muita coisa deve ter sido perdida. Se fosse possível localizar madeira, ossos ou carvão poderia se fazer uma datação.
Neste local foi feita uma escavação predatória e sem cuidados por pura curiosidade. Aqui foi achado um vaso que, uns dizem que era de cerâmica, outro diz que parecia de pedra. O achado foi descrito como uma “cumbuca”, com a parte de cima quebrada. Com certeza não era de pedra porque seria mais grossa e não se quebraria. O proprietário do local tem muitas fotos de tudo o que apareceu aqui, mas não quer mostrar. Na verdade a memória de muitas coisas que aconteceram aqui está com ele e, caso se perca essas fotos, mais dados se perderão. No topo da colina, segundo testemunha que trabalhou ali, foi achada uma pedra com uns 60 cm de altura, de forma tetraédrica, uma pirâmide de três lados, de ângulo em torno de 30 graus. Esta pedra esteve no jardim da fazenda até quando começaram a dissimular o sítio, sendo então levada para a casa particular do proprietário na fazenda, onde está até agora.
Outras coisas parecem ter sido achadas, mas as testemunhas não sabem dar detalhes. Como estas escavações não seguiam nenhum método cientifico muita coisa deve ter sido perdida. Se fosse possível localizar madeira, ossos ou carvão poderia se fazer uma datação.
A
geografia atual do local e a possível geografia antiga. Estas fotos mostram
a colina do sítio, vista de cima, desde o morro do açude superior.
Notando-se a escavação feita em 2003, na base.
Vista desde o topo da colina do sítio principal para o Hotel Fazenda. A
localização do sítio aparentemente não se enquadra em um contexto cultural e
geográfico da época ”colonial”.
Parte do rio encachoeirado que desemboca no pé da colina. Nota-se que o
fluxo é bem fraco, em época seca.
Na
foto acima vemos o espaço ocupado pelo açude superior que lembra uma cratera
vulcânica muito antiga e erodida. Acima vemos a área do local atualmente. A
colina principal do sítio está bem no meio da foto (pequeno retângulo verde
claro), embaixo está o açude do hotel e outro açude menor no alto. Este
açude quando muito cheio despeja água no leito da cachoeira que é
permanentemente alimentada por um rio que vem de além da estrada que passa
atrás.
O volume de água não é grande hoje. Mas, em 1996, as águas
do rio Paraibuna e do açude cobriram as estradas e chegaram perto da
Igrejinha do local, que fica numa elevação. O açude do hotel foi feito
quando se construiu uma pequena barragem, mas no passado deve ter existido
uma lagoa muito maior e que pode ter se juntado com o rio Paraibuna podendo
ter ocupado muitas áreas dos arredores.
No passado, certamente, a região era coberta de florestas
retendo muito mais água e a macro região circundante também era toda
florestada. O clima devia ser muito mais chuvoso e os rios muito mais
caudalosos. Posteriormente, com a criação de gado tudo foi desmatado. Pelas
informações que pude levantar nesta região, não havia plantações de café,
elas eram prioritariamente feitas no vale do Paraíba.
Hoje e sempre esta região esteve sujeita a enchentes em
função da dificuldade de escoar a água entre esses vales. A cidade de São
Luiz do Paraitinga, ali perto, sofreu esse problema recentemente.
Considerando tudo isto e analisando a situação do sítio
podemos presumir que ele já tenha sido alagado, catastroficamente, por
várias vezes no passado, sendo ainda habitado ou não. E podemos ter certeza
disto por uma simples questão de probabilidades.
O rio que alimenta a cachoeira deve ter sido muito mais
caudaloso e violento em certas ocasiões. O açude de cima, possivelmente, foi
abrindo passagem pela garganta que o liga a cachoeira e em caso de chuva
torrencial no passado deve ter ajudado a invadir com uma violenta torrente
toda a área na base da colina do sítio. Por vezes, deve ter havido “cabeças
d’água” violentas. Tudo isto pode ter contribuído para esconder vestígios de
construções na parte plana, fronteiriça à colina. Ou seja, tudo deve ter
sido “dissolvido”. Principalmente, alvenarias sem argamassa.
O morro que contém o açude de cima lembra uma cratera
vulcânica muito velha e erodida, mas, poderia sê-la? Um cidadão esteve
examinando com aparelhos a área com cristal de quartzo, próxima ao sítio e
disse - ou deixou escapar - que ali poderia haver diamantes em profundidade.
Com a palavra a geologia.
Nas atuais circunstâncias será preciso a entrada em cena de
um organismo oficial com autoridade sobre o proprietário. No mínimo, o IPHAN
ou o CONDEPHAAT. A partir daí, haveria que limpar ou queimar o capim de toda
a colina para poder analisar as aglomerações de pedras mais significativas,
da mesma maneira que o proprietário fez, quando resolveu escavar o sítio,
determinando o local de escavações com mais recursos. A área que já foi
escavada deveria voltar a sê-lo para encontrar a parte baixa da parede ou
muro, que foi enterrada novamente. Também haveria que se ter acesso ao
material fotográfico privilegiado que o proprietário tem.
Estas fotos de 2003 mostram o terreno quando este foi queimado para ver
melhor as pedras. No topo (imagem ao lado) se notam blocos com visível
trabalho de esquadro.
O proprietário afirma que o IPHAN esteve no local e fez um
laudo afirmando que ali não havia nada. Se de fato aconteceu isso, seria o
caso de se verificar esse laudo e perguntar como foi conduzido, onde foram
levados e o que foi mostrado a estes membros do IPHAN.
Se os principais vestígios já haviam sido enterrados não
podem ter visto muito ou talvez nada. Pode ter acontecido de alguém ter ido
ao local, em nome do IPHAN, extraoficialmente. Nesse caso, seria
compreensível que houvesse um laudo dizendo que não haveria nada de
interesse no local.
A fazenda está à venda e o proprietário quer se desfazer
logo dela. Este sítio está sem a menor proteção. E se depender do
proprietário ele será sepultado definitivamente. Aparentemente, não está
interessado em esclarecer o caso. É evidente que, como parte do sítio foi
danificada, agora julga mais cauteloso negar a sua existência, para não ser,
eventualmente, responsabilizado pelo dano. O que não seria o caso, porque o
local não é sítio arqueológico cadastrado. Mas achar culpados não resolve
nada, o que iria resolver seria a pesquisa deste sítio.
* Carlos Pérez Gomar é pesquisador e arquiteto
C.R.E.A. 30 670-d - 5ª região
-
OBS.: Relatório originalmente datado de 23 de out/2012 e atualizado em dez/2012.
Publicado posteriormente por
VF/Arqueolovia em
12/12/2012.
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